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Expondo o Trabalho da Auditoria Interna: Quando É Demais?

Expondo o Trabalho da Auditoria Interna: Quando É Demais?
01/07/2019



O CPA Journal publicou recentemente um artigo provocante, “Os Benefícios das Divulgações de Auditoria Interna”, que analisou pesquisas sobre o que os investidores sabem sobre as funções de auditoria interna, como veem a divulgação do trabalho de auditoria interna e como essas divulgações podem melhorar a transparência da governança corporativa.

 

A pesquisa inicial de Deborah S. Archambeault, F. Todd DeZoort e Travis P. Holt apresenta uma imagem positiva do valor de tais divulgações. De fato, de acordo com o artigo, os pesquisadores identificaram três benefícios da exposição pública do funcionamento da auditoria interna, com base em uma revisão de pesquisas sobre auditoria interna e uma série de entrevistas com analistas financeiros, membros de comitês de auditoria, auditores internos e criadores de políticas. Os benefícios são:

 

  • Maior compreensão dos investidores sobre a função da auditoria interna e seu papel de governança.
  • O potencial de maior diligência do auditor interno, decorrente da maior transparência.
  • Maior investimento da empresa em auditoria interna.

 

Vale frisar que a equipe de pesquisa também concluiu quanto aos possíveis custos de tais divulgações:

  • O potencial de maior exposição legal.
  • Preocupações relacionadas ao entendimento dos investidores sobre como usar as informações.
  • Custos adicionais de reporte.

 

Por fim, a equipe de pesquisa propôs um modelo de relatório de auditoria interna que tornaria pública a composição, responsabilidades, estrutura de reporte, atividades e alocações dos recursos relacionados à auditoria interna. Esse modelo representa bem os esforços do The IIA para persuadir os legisladores e reguladores federais dos Estados Unidos a ampliar os requisitos de reporte sobre as funções de auditoria interna para empresas de capital aberto.

 

O artigo examinou pesquisas adicionais de DeZoort, Holt e outros sobre as percepções dos investidores e seus conhecimentos a respeito de relações de reporte, avaliação do auditor interno e externo, e julgamentos de risco feitos pelo auditor interno. Cada esforço de pesquisa adicional investigou diferentes aspectos do relacionamento e do papel da auditoria interna na governança e fez avanços quanto à divulgação pública.

 

Foi aí que comecei a ficar desconfortável, e a ideia de que tudo em excesso faz mal surgiu em minha mente.

 

A boa governança é um ato delicado de equilíbrio. A relação de trabalho entre o conselho de administração, a gerência executiva e a auditoria interna é complexa, multifacetada e influenciada por inúmeros fatores, incluindo a força da função de auditoria interna dentro da organização. Concordo plenamente que detalhar a força das funções de auditoria interna em organizações de capital aberto seria uma medida positiva, que poderia ajudar muito a melhorar a confiança dos investidores nos mercados.

 

No entanto, os profissionais de auditoria interna devem estar sempre cientes da palavra diferencial de nosso cargo — interno. Não importa como nós ou outras pessoas possam encontrar valor em aumentar a transparência do trabalho da auditoria interna, a principal responsabilidade da função de auditoria interna é perante a organização. Essa fidelidade à organização, a confidencialidade de nosso trabalho e quaisquer exceções relacionadas são abordadas de diversas formas no International Professional Practices Framework.

 

Poderia-se argumentar que os investidores fazem parte da organização. Isso é verdade. No entanto, há um grande perigo em expor o trabalho de auditoria interna a inspeção pública. A lista de ramificações negativas é significativamente maior do que Archambeault, DeZoort e Holt delinearam em suas pesquisas.

 

Relatórios de auditoria interna podem expor pontos fracos na cibersegurança, desvantagens competitivas ou estratégias de expansão, segredos comerciais e outras considerações internas que podem colocar em risco o sucesso da organização, se tornadas públicas. Inclusive, tais revelações podem levar a danos reputacionais ou financeiros, o que poderia prejudicar os investidores.

 

A relação entre a auditoria interna e a administração também poderia ser impactada negativamente, se os resultados da auditoria interna forem divulgados publicamente. Como ex-inspetor geral dos EUA, os resultados de auditoria da minha agência federal eram rotineiramente divulgados. A publicidade negativa muitas vezes teve um efeito inibidor sobre a disposição da administração de ser aberta e transparente comigo. Um funcionário sênior da agência me disse uma vez: "Richard, há várias áreas em que suspeito que temos problemas. Mas nunca pediria a você que as examinasse. Seus relatórios são públicos."

 

Expor os bastidores, revelando o funcionamento interno da saúde financeira de uma organização, é o que deu origem à auditoria interna moderna. Mas qualquer esforço ainda maior de exposição será acompanhado de perigos e deve ser abordado com cautela.

 

Como sempre, aguardo seus comentários.

 

Divulgação:

Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve artigos semanais para um blog da InternalAuditor.org sobre assuntos e tendências relevantes para a profissão de auditoria interna.

 

Tradução: IIA Brasil

Revisão Técnica da Tradução: Roberto Leal Lahorgue, CIA, CCSA, CRMA.

 

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