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Reporte de ESG: Uma oportunidade de ouro

Reporte de ESG: Uma oportunidade de ouro
09/11/2021



Por Logan Wamsley

 

As conversas sobre a estratégia ambiental, social e de governança (environmental, social, governance – ESG) atingiram o volume máximo em 2021 e agora, mais do que nunca, as organizações estão tendo progressos sérios no reporte de ESG. A pressão dos investidores é uma das razões para essa tendência, mas com a apresentação de normas de reporte globais obrigatórias se tornando cada vez mais provável nos próximos anos, muitos líderes organizacionais estão aceitando o inevitável e querem fazer um esforço concentrado para progredir. Com esses avanços, no entanto, as organizações também terão que superar as dificuldades crescentes que vêm com o maior escrutínio de um processo de reporte que ainda estão lutando para entender. Isso, por extensão, abre as organizações para uma variedade de riscos, como o “greenwashing”, em que as metas de sustentabilidade declaradas não são compatíveis com as ações tomadas. Enquanto lutam para superar esses desafios, a auditoria interna terá uma oportunidade de ouro, nunca vista desde a introdução da Lei Sarbanes-Oxley dos Estados Unidos de 2002, para afirmar seu valor auxiliando nos esforços de reporte de ESG.

 

As organizações estão despreparadas para o maior escrutínio

 

O reporte de ESG, embora ainda seja novo para algumas organizações, está longe de ser novidade no cenário de negócios. De acordo com o relatório da KPMG de 2020, The Time Has Come: The KPMG Survey of Sustainability Reporting, 80% das empresas em todo o mundo agora reportam sobre sustentabilidade; olhando apenas para as 250 maiores empresas globalmente, esse número sobe para 96%. De acordo com o Governance & Accountability Institute, a porcentagem de empresas S&P 500 que emitem relatórios de sustentabilidade nos EUA, Reino Unido e Irlanda cresceu de 20% em 2011 para 90% em 2020. Apesar disso, no entanto, também há evidências de que muitas organizações que apresentam atualmente algum tipo de relatório de ESG não estão totalmente preparadas para o intenso escrutínio a que esses relatórios serão submetidos por investidores e reguladores. De acordo com dados do novo relatório OnRisk 2022 do IIA, que entrevista membros do conselho, chefes executivos de auditoria (CAEs) e membros do C-Suíte para avaliar o alinhamento dos riscos organizacionais, os participantes classificaram a governança como o risco mais relevante para suas organizações, com 70% dos CAEs, 83% dos membros do C-Suíte e 80% dos membros do conselho atribuindo alta classificação. Enquanto isso, 63% dos CAEs, 60% dos membros do C-Suíte e 63% dos membros do conselho classificaram a sustentabilidade social como altamente importante para suas organizações. A sustentabilidade ambiental, outro risco relacionado ao ESG, teve classificação ainda mais baixa, com 50% dos CAEs, 37% dos membros do C-Suíte e 50% dos membros do conselho classificando-a como altamente importante. Um elemento do ESG – a governança – é claramente visto como mais relevante do que os outros dois. Também são preocupantes os sinais de que a auditoria interna como um todo ainda está trabalhando para acompanhar a tendência do reporte de ESG, e ainda tem um longo caminho a percorrer. De acordo com o North American Pulse of Internal Audit de 2021 do IIA, o reporte de sustentabilidade/não financeiro representou apenas 1% ou menos dos planos de auditoria entre 2016 e 2020. “O futuro definitivo que estamos encarando é a era Sarbanes-Oxley do ESG, mas o ponto em que a auditoria interna se encontra hoje ainda é a fase consultiva”, disse Edward Olsen, líder regional de Serviços de Riscos Corporativos da MNP. “Mas só o que foi feito neste ano já me deixou atordoado. Estamos todos tentando entender o que está acontecendo no mesmo ritmo das implantações regulatórias, e descobrir como acelerar para a finalização da fase de implantação.” O OnRisk 2022 também sugere uma curva de aprendizado pela frente para a profissão. De acordo com o relatório, apenas 23% dos CAEs classificam seu conhecimento pessoal de sustentabilidade ambiental e social como alto, ambos elementos críticos do reporte de ESG. Isso é comparado a 40% dos membros do C-Suíte e 50% dos membros do conselho para a sustentabilidade social, e 30% dos membros do C-Suíte e 23% dos membros do conselho para a sustentabilidade ambiental. Além de indicar bastante espaço para melhoria no que diz respeito ao conhecimento da sustentabilidade social e ambiental, os resultados também mostram que a auditoria interna, segundo ela mesma, pode não estar preparada para enfrentar a possibilidade do ambiente regulatório que rapidamente se aproxima. Além disso, o desalinhamento entre CAEs, membros do conselho e membros do C-Suíte sobre certos aspectos dos riscos de ESG – especialmente a sustentabilidade social – cria um ambiente potencialmente preocupante, no qual os líderes organizacionais podem ter mais confiança em suas estruturas de reporte do que deveriam ter, o que aumenta as chances de reporte inadequado ou enganoso, o que pode levar a danos reputacionais, penalidades financeiras ou repreensões.

O risco do “Greenwashing

De acordo com um relatório recente da Bloomberg, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos e a BaFin, órgão regulador financeiro da Alemanha, “iniciaram uma investigação sobre as alegações de que o braço de gestão de ativos do Grupo DWS do Deutsche Bank AG tem divulgado erroneamente as credenciais ambientais – e possivelmente sociais – de alguns de seus produtos de investimento com o rótulo ESG.” O relatório diz que a revisão ainda está na fase inicial e o DWS rejeitou as alegações de que exagerou os ativos de ESG. Independentemente do resultado da investigação, essa alegação é um exemplo do que ficou conhecido como greenwashing. Conforme mencionado anteriormente, isso ocorre quando as metas e expectativas declaradas por uma organização em relação às iniciativas de sustentabilidade ambiental não se transformam em ações significantes. Relatórios imprecisos ou enganosos, intencionalmente ou não, podem contribuir para esta narrativa e resultar em danos significativos à reputação. “Seu reporte de ESG deve detalhar o que você está realmente fazendo, e se sua organização está cumprindo com o objetivo central”, diz Olsen. “Do contrário, as imprecisões alimentarão a narrativa do greenwashing, mesmo que as intenções da organização sejam boas.” Svenja Hüsing, gerente de consultoria da PwC Suíça, afirma que tais imprecisões podem ser causadas, pelo menos em parte, por deficiências na função de conformidade. “Isso pode mostrar que a função não foi habilitada para tomar decisões informadas sobre assuntos relacionados a ESG”, diz ela. “E onde não há controles, políticas e procedimentos eficazes, aumenta o risco de que as práticas de negócios estejam se desviando das informações de ESG divulgadas, resultando no risco de greenwashing.” Além disso, de acordo com Olsen, a própria natureza confusa do cenário atual de reporte contribui para o risco de greenwashing. “O verdadeiro problema é que há muitos frameworks e normas”, diz ele. “É o calcanhar de Aquiles do processo de reporte. Há tantas agências de classificação com diferentes normas de classificação, e cada uma tem um algoritmo diferente que extrai apenas informações qualitativas do relatório. Você pode dizer em um relatório que está tratando da biodiversidade, por exemplo, e se o algoritmo de uma agência de reporte vir essa palavra, isso dará a você um salto em sua classificação. Você pode não ter feito nada, mas disse a palavra certa em um relatório. Em essência, isso cria o greenwashing.”

Onde a Auditoria Interna se encaixa

Apesar de tantos frameworks sob crescente escrutínio de investidores, reguladores e até mesmo do público, a auditoria interna, como costuma fazer em face de riscos emergentes, tem uma chance marcante de se afirmar como uma adição de valor indispensável para a organização - bem como muitos praticantes fizeram após a introdução da Sarbanes-Oxley. “Espero que os stakeholders, em algum momento, exijam que o reporte de ESG esteja sujeito ao rigor de um framework uniforme”, disse Geoff Dingle, diretor geral da Johnson Global Accountancy Corp. “Mas mesmo agora, os auditores têm a oportunidade perfeita para transferir parte de sua prestação de contas, imparcialidade e análise baseada em normas para supervisionar o reporte de ESG.” De acordo com Dingle, a validação independente por meio do exame das divulgações por parte da auditoria interna não será apenas ideal, mas esperada aos olhos dos stakeholders. Hüsing expressa um sentimento semelhante. “As funções de conformidade e controle de risco devem estar envolvidas no processo de divulgação de informações relacionadas ao ESG, bem como nas decisões que afetam os processos de negócios subjacentes”, diz ela. “É absolutamente crítico fazer avaliações embasadas das informações divulgadas para mitigar o risco de greenwashing.” Mas a auditoria interna não precisa esperar o exame das divulgações para agregar valor, diz Olsen. “Temos sempre que ter em mente [o modelo d]as Três Linhas e entender as esferas de influência, principalmente hoje”, explica. “Mesmo que ainda não tenhamos requisitos obrigatórios – o que realmente significa não auditar as coisas ainda –, ainda podemos oferecer para a primeira e segunda linhas uma abordagem consultiva e de assessoria por meio de nosso benchmarking, para mostrar aos líderes em quais riscos se concentrar.” De acordo com Olsen, se uma organização focar nas questões erradas, mesmo que passem uma boa imagem da organização, ela provavelmente terá um desempenho inferior em relação aos concorrentes. “Você deve buscar alinhamento sobre o que importa, como tópicos materiais de ESG”, diz ele. “Isso é basicamente o que vai gerar relatórios precisos de ESG.” Por fim, a importância da auditoria interna para ajudar a criar uma cultura de aceitação na organização quanto às questões de ESG não pode ser subestimada. “Uma cultura que é tóxica em sua essência prejudicará significativamente a capacidade de entrega da organização em tópicos sustentáveis”, diz Olsen. “A auditoria interna deve avaliar se há uma cultura de risco presente na segunda linha. Se houver, como você poderá saber que terá bom desempenho em questões de sustentabilidade? É um castelo de cartas que pode cair rapidamente sem os fundamentos básicos.” Com o risco, vêm as oportunidades, mas, em última análise, será responsabilidade da auditoria interna aproveitá-las.

 

 

 

 Este artigo foi reimpresso com permissão da edição de outubro de 2021 da revista Internal Auditor, publicada pelo The Institute of     Internal Auditors, Inc., www.theiia.org, e foi traduzido do inglês para português.

 This article was reprinted with permission from the October 2021 issue of Internal Auditor magazine, published by The Institute of Internal Auditors, Inc., www.theiia.org. and has been translated from English to Portuguese.

 

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