Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo sobre auditoria interna envolvida ou por omissão em escândalos de corrupção e fraudes. Esses eventos destacaram a importância de uma auditoria interna robusta como uma ferramenta para identificar e prevenir práticas ilícitas, garantindo a integridade e a confiabilidade das informações financeiras e operacionais.
No meu ponto de vista, tudo isto é decorrente de uma falta de harmonia entre as 3 (três) linhas com a Governança Corporativa, prevalecendo os seus interesses pessoais.  É de conhecimento de todos que a auditoria interna contribui muito com a transparência e melhoria da governança, pois tem um papel fundamental na avaliação dos controles e processos internos, de modo a garantir a eficiência operacional, a conformidade com as leis e regulamentos, a gestão de riscos e a salvaguarda dos ativos.
Neste sentido, gosto de mencionar a evolução do papel da auditoria interna nas organizações. Tradicionalmente, a auditoria interna era vista como uma função mais voltada para a conformidade e a detecção de fraudes. No entanto, cada vez mais, espera-se que os auditores internos desempenhem um papel estratégico, fornecendo insights e recomendações para melhoria dos processos de negócio, na identificação de oportunidades de melhoria e no auxílio na tomada de decisões. Não é mais aceitável apresentar para os Órgãos de Governança plano de trabalho que não agregue valor ao negócio, tão pouco, realizar trabalhos por “proforma”.  São horas desperdiçadas do auditor, como também, de toda a operação para não agregar valor para a organização. Por isto, reitero que muitas vezes a própria auditoria interna é responsável pelo seu descrédito nas organizações, sem mencionar a falta de soft e hard skill dos auditores internos e seus dirigentes. Este tema abordarei em outra oportunidade.
Outro ponto importante que destaco é relacionado à independência dos auditores internos. Para que a auditoria interna seja eficaz, é fundamental que os auditores sejam independentes das áreas e processos que estão sendo avaliados, pois isso garante que eles possam realizar suas avaliações de forma imparcial e objetiva, sem influências internas e externas ou conflitos de interesse.
Por fim, a tecnologia veio para nos ajudar na execução operacional dos nossos trabalhos, pois toda a “inteligência” ainda continua conosco. Neste contexto com a automação de processos, a análise de dados em larga escala (big data), a inteligência artificial e outras tecnologias têm impactado significativamente a forma como a auditoria interna é conduzida. Essas inovações trazem tanto oportunidades, como a melhoria da eficiência e a detecção de padrões e anomalias, quanto desafios, como a necessidade de desenvolver novas competências e lidar com questões relacionadas à segurança e privacidade dos dados. 
A tecnologia está para nos ajudar, mas os auditores internos devem mudar o seu mindset para que cada vez mais se tornem imprescindíveis para as empresas e tenha coragem suficiente para apresentar o resultado de seus trabalhos para os Órgãos de Governança. Desta forma, é necessário que esses órgãos tenham conhecimento suficiente do negócio em que atuam e a humildade em escutar as recomendações apresentadas pela Auditoria Interna. Nesta mão dupla, não tem como não dar certo!
Participem do nosso webinar do dia 17/7, https://bit.ly/44roFCd “A importância da Auditoria Interna nos países de Língua Portuguesa”, onde abordaremos vários temas explanados neste documento.

Paulo Gomes é diretor-geral do Instituto dos Auditores Internos do Brasil - IIA Brasil.