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AUDITORIA INTERNA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: UMA ALIANÇA FUNDAMENTAL PARA A RELEVÂNCIA
02/10/2025



AUDITORIA INTERNA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: UMA ALIANÇA FUNDAMENTAL PARA A RELEVÂNCIA


Estamos em um momento de intensa evolução tecnológica, no qual precisamos estar atentos a todas as mudanças. Para a auditoria interna, não é diferente: não podemos nos manter desalinhados dessa transformação. Nos últimos anos, a utilização da Inteligência Artificial (IA) vem ganhando proporção mundial, e sua aplicação na auditoria interna deixou de ser apenas uma tendência para se consolidar como realidade. Inclusive, já se observa, ainda que de forma tímida, algumas auditorias internas começando a utilizá-la.


A Norma Global do The IIA menciona que o auditor interno deve estar alinhado à tecnologia, à inovação e ao uso estratégico de dados. Esse direcionamento foi um marco para elevar a qualidade dos trabalhos, além de reafirmar outros princípios fundamentais: integridade, independência, objetividade, competência, entre outros.


Em nossa visão, o uso da tecnologia pelos auditores internos pode, sim, incluir a inteligência artificial, que aumenta a eficiência, a profundidade analítica e o alcance dos trabalhos, dando maior confiança às decisões da governança. Precisamos utilizá-la a nosso favor, e não apenas acompanhá-la de longe, sempre com muita responsabilidade. Gradativamente, devemos incorporá-la em nossas atividades, trazendo mais agilidade e maior profundidade aos resultados de nossos trabalhos. Destacamos a seguir alguns benefícios que, em nossa visão, são bastante importantes ainda que não sejam os únicos:


a) Análise mais profundas com maior agilidade:

Algumas IAs estão sendo utilizadas para a análise de grandes volumes de dados, permitindo detectar desvios de padrões com maior agilidade. Com isso, amplia-se significativamente a cobertura do escopo de trabalho e reduzem-se possíveis falhas humanas e julgamentos subjetivos por parte do auditor. Vale lembrar que a análise crítica do auditor interno continua sendo essencial para a identificação de falsos positivos.


b) Relatórios mais robustos

Já existem soluções de IA que possibilitam a elaboração de relatórios de auditoria interna, facilitando a comunicação entre as áreas auditadas e proporcionando recomendações mais claras e objetivas. Além disso, há a possibilidade de criar dashboards com indicadores-chave para monitoramento em tempo real, o que contribui para a mitigação de riscos.


c) Análise de alto volume de documentos mais ágil

Revisar e analisar grandes volumes de documentos, como contratos, relatórios contábeis, atas de reuniões, entre outros, em diferentes formatos, inclusive em imagem, com a possibilidade de identificar desvios ou inconsistências de forma mais ágil, reduz significativamente o tempo gasto pelo auditor interno em revisões manuais de documentos físicos. Além disso, proporciona maior confiabilidade às análises, ao permitir a ampliação do escopo e da abrangência do trabalho, resultando em conclusões mais assertivas.


Apesar de todos os benefícios apresentados, é necessário ter cautela com aspectos críticos como: privacidade e proteção de dados sensíveis, segurança da informação (onde e por quem os dados são processados e visualizados), transparência nas escolhas dos modelos utilizados (evitando a “caixa-preta algorítmica”), confiabilidade dos resultados, referências de comparação, utilização de informações não permitidas, entre outros. Vale destacar que ética e transparência são pilares inegociáveis para os profissionais de auditoria interna.


Todos os auditores têm o papel e a responsabilidade de analisar e avaliar não apenas os resultados, mas também os controles, processos lógicos e impactos relacionados ao uso da IA, garantindo que as decisões tecnológicas estejam alinhadas aos valores organizacionais.


Como mencionado anteriormente, o auditor deve estar atento e manter suas habilidades alinhadas às constantes mudanças tecnológicas, de modo a fortalecer sua atuação no atendimento às demandas do negócio. Para isso, o auditor interno precisa se aprimorar por meio do desenvolvimento contínuo em competências tecnológicas, pois, mais do que utilizar IAs, deverá saber formular as perguntas corretas, interpretar os resultados e distinguir o que está certo ou errado. Isso inclui a capacidade de criar prompts de qualidade, bem como a familiaridade com data analytics (CAATs), entre outras ferramentas.


Cada vez mais o auditor interno está sendo cobrado em saber fazer as perguntas certas, agora, mais do que nunca. As atividades que antes de forma errônea o auditor interno via que não precisava usá-la, hoje é uma realidade muito diferente, verificar e entender os impactos da tecnologia nas atividades de auditoria e manter o olhar crítico e ético, sempre foi e agora é imprescindível na função.
Não há volta: a Inteligência Artificial chegou para ficar, e sua aplicação nas atividades de auditoria interna representa uma oportunidade única de agregar valor. Essa é uma realidade inevitável, da qual não podemos nos afastar.


Vamos, nós auditores internos, ser protagonistas dessa evolução, sempre com responsabilidade, competência e senso ético. As IAs devem ser grandes aliadas em nosso cotidiano; entretanto, o verdadeiro diferencial continuará sendo e sempre será o julgamento profissional, a capacidade de análise crítica e o zelo técnico, elementos que precisam estar permanentemente conectados às grandes e críticas decisões da organização.

Cristiane Casagrande - Head de Relacionamento do IIA Brasil

Paulo Gomes - Diretor-geral do IIA Brasil
 

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