Building a Better Auditor: O Que a IA Não Pode Fazer
08/10/2024
Muitos auditores internos temem que a IA os substitua como protetores do valor, mas um tratado filosófico sobre discordância pode tornar os auditores criadores de valor indispensáveis.
Aqui está uma previsão: Até 2030, suas habilidades de redigir relatórios de auditoria, que levaram anos para serem desenvolvidas, estarão obsoletas. Por quê? Porque a funcionalidade de IA no sistema de gestão de auditoria que sua organização usa pegará o conteúdo principal de seus papéis de trabalho e o usará para gerar automaticamente seu relatório para você.
Na cúpula Connected Risk da AuditBoard, realizada em Londres em maio, Richard Chambers disse: "A IA generativa estará posicionada para prestar avaliação melhor do que nós em breve".
Quando se trata da IA, o futuro de ficção científica está rapidamente se tornando um fato científico. Parece que estamos em um momento de evoluir ou ser extinto. Como será isso?
Um experimento mental — imagine um futuro sistema de justiça:
• Sem juiz.
• Sem defesa.
• Sem acusação.
• Sem jurados.
Há apenas uma justiça acionada por um botão e entregue pela IA.
"Você foi acusado de um crime, cidadão. Mas não se preocupe, o veredicto será dado em um instante. Basta apertar o botão de justiça e você será considerado culpado ou inocente."
Você gostaria de viver em um futuro como esse? Eu também não!
As Boas Notícias
Como observou Aristóteles, "a humanidade é um animal social". A tecnologia que criamos geralmente é projetada para facilitar um impulso essencial em todos nós: o desejo de se conectar. É quase certo que a IA estará posicionada para prestar avaliação melhor do que nós em breve. Mas isso deixará os auditores internos com mais tempo para fazer o que realmente faz a diferença: construir relacionamentos com clientes de auditoria em uma base de empatia, confiança e desejo de criar valor.
Quando a IA ouve você, é porque foi criada para isso. Quando outro ser humano o ouve, é porque ele escolheu livremente fazer isso. E ele poderia ter escolhido livremente não fazê-lo, deixando você falando sozinho. É preciso falar de uma forma que faça com que seus clientes de auditoria queiram ouvir, ou você terá grandes problemas no futuro da avaliação por IA.
O Obstáculo
David Hume escreveu: "É quando os homens estão mais seguros e arrogantes que geralmente estão mais enganados". Muitos auditores internos não sabem como discordar bem. Pergunte o que os deixa mais estressados em suas conversas de trabalho de campo de auditoria, e muitos dirão que é quando o cliente de auditoria discorda deles.
Meu amigo Jon Taber passou por uma situação semelhante em primeira mão. Após concluir uma auditoria da folha de pagamento de uma função centralizada que supervisionava mais de 30 países, ele identificou uma observação relacionada ao monitoramento de horas extras, que acabou sendo considerada uma questão de baixo nível. Dois meses depois, ao realizar uma auditoria em um desses países, a folha de pagamento estava novamente dentro do escopo e a preocupação com as horas extras surgiu novamente. No entanto, a gestão discordou da observação, alegando tratamento inconsistente das questões nas revisões. E foi um argumento válido.
Se você é um auditor interno avesso a discordâncias, você precisa de uma mudança urgente de mentalidade. Porque a discordância é algo a ser celebrado. Pense nisso.
Se seus clientes de auditoria concordassem com tudo o que você está dizendo a eles — se não houvesse desconforto, dúvidas ou objeções —, você realmente estaria dizendo a eles algo de valor? A discordância acontece quando somos questionados de formas que não gostamos. Se você não questiona seus clientes de auditoria sobre suas abordagens de governança, controles e gerenciamento de riscos para atingir seus objetivos de negócios, você realmente ficaria obsoleto. Portanto, quando se trata de ser valioso no futuro da avaliação por IA, duas habilidades fundamentais serão:
1. Buscar discordância com seu cliente de auditoria sobre suas constatações.
2. Discordar bem quando a discordância acontecer.
Mas quando você pergunta aos auditores internos como eles se preparam para uma reunião de atualização de constatações com um cliente de auditoria que eles sabem que discordará, muitos dizem o seguinte: "Eu verifico meus fatos e meus números". Isso não é uma preparação para discordar bem — é uma preparação para se defender.
A Solução
Em 1859, John Stuart Mill escreveu On Liberty (Sobre a Liberdade), seu tratado filosófico atemporal sobre a natureza e os limites do poder. Nele, ele nos apresenta a ideia de "humildade epistêmica". Essa é a capacidade de ser humilde em relação ao que é possível saber como um ser humano que vive a vida a partir de sua própria perspectiva pessoal. É o reconhecimento e a constatação de que seu conhecimento e compreensão têm limites. E é um grito de guerra pela mente aberta, pelo crescimento intelectual e por discordar bem.
Mill oferece três princípios para os auditores internos seguirem:
1. Todo julgamento humano é falível. Você pode cometer erros, mesmo quando se trata das constatações de sua auditoria.
Tomemos, por exemplo, o cenário em que Jon identificou uma correlação de tempo de inatividade do sistema a um provedor de serviços de Internet específico. Ao compartilhar isso com a empresa, ele recebeu a seguinte declaração: "Dito isso, ainda não há evidências suficientes para inferir que esse provedor de serviços ou mesmo a conexão com a Internet seja a causa raiz das questões."
Isso é verdade. Correlação não é causalidade. Reconhecer sua falibilidade o tornará aberto a ouvir os pontos de vista opostos de seu cliente de auditoria, pois eles podem revelar erros em seu raciocínio. O resultado? Você estará mais próximo da verdade!
2. Muitas vezes, há verdades parciais em pontos de vista opostos. Mesmo que a opinião de seu cliente de auditoria seja parcialmente falsa, muitas vezes ela também contém alguma verdade.
Em um caso, Jon e sua equipe estavam trabalhando em um projeto que incluía a recuperação de custos comerciais específicos. Um stakeholder questionou o propósito da revisão, argumentando que não era algo que resultaria em um alto retorno sobre o investimento. Embora a recuperação de custos estivesse dentro do escopo do projeto devido aos riscos associados, o stakeholder levantou uma questão válida: O retorno sobre o investimento não deveria ser considerado em determinados projetos?
Ao acolher e ouvir pontos de vista opostos, você pode obter uma compreensão mais abrangente. O resultado? Você estará mais próximo da verdade!
3. A discussão livre é uma necessidade, não um detalhe. A discussão livre e aberta é indispensável para a busca da verdade.
Jon experimentou isso em primeira mão, quando um stakeholder da empresa lhe disse que as informações fornecidas durante um projeto de manuseio de dinheiro não eram úteis. Inicialmente surpreso, Jon dedicou um tempo para entender a perspectiva do stakeholder e, mais tarde, conseguiu convencer o diretor da necessidade de revisar e melhorar essa área.
Quando suas opiniões entram em conflito com as opiniões de seus clientes de auditoria, você testa a solidez de suas ideias e fortalece seu entendimento. O resultado? Você estará mais próximo da verdade!
O chamado à Ação
Os três ingredientes de Mill para a humildade epistêmica, quando reunidos, formam as câmaras, as válvulas e o sistema de condução do coração pulsante de discordar bem. Em breve, a IA estará posicionada para prestar avaliação melhor do que nós. Mas se você dominar a humildade epistêmica, seu valor como agente da mudança da auditoria interna será igualmente indispensável.
Jon Taber, CIA, CPA, CFE, CFF, contribuiu para este artigo do blog.
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Este documento foi traduzido por INSTITUTO DOS AUDITORES INTERNOS DO BRASIL em OUTUBRO DE 2024.