O que a nova pesquisa do IIA revela sobre o impacto da pandemia e o próximo ano para a Auditoria Interna
28/07/2020
A profissão de auditoria interna nos EUA superou diversos eventos transformadores nos últimos 40 anos; a crise de poupanças e empréstimos na década de 1980, as fraudes de reporte financeiro do começo dos anos 2000 e a crise financeira/Grande Recessão menos de uma década depois. Sem dúvida alguma, a profissão renasceu mais forte após cada uma dessas crises.
Os efeitos dramáticos da pandemia de COVID-19 em 2020 estão deixando sua marca na auditoria interna também, de acordo com a nova pesquisa do Audit Executive Center (AEC) do IIA. Respostas de quase 500 líderes de auditoria interna americanos e canadenses antecipam reduções profundas em viagens e treinamentos de auditoria interna, algumas reduções na equipe e uma conscientização crescente de que ser ágil, flexível e ter habilidade com tecnologia será fundamental para todas as funções de auditoria no futuro.
À primeira vista, a antecipação de cortes significativos revela um cenário preocupante. Uma das mais alarmantes descobertas é que 45% dos entrevistados esperam redução do orçamento geral nos próximos 12 meses. Esse fato contrasta com o resultado de julho de 2019, quando apenas 13% das respostas antecipavam cortes no ano seguinte.
No entanto, diante das circunstâncias extraordinárias atuais, o estrago poderia ser significativamente maior. Os resultados de pesquisas do AEC no início desta crise apontam que a auditoria interna já estaria inovando e oferecendo uma variedade de serviços e valor, potencialmente atenuando cortes no orçamento para muitos a longo prazo.
Uma análise mais detalhada dos dados da pesquisa do AEC revela que os cortes orçamentários previstos estarão concentrados, de modo geral, em três áreas: viagem, treinamento e terceirização. Sessenta e cinco por cento dos entrevistados preveem reduções significativas em orçamentos de viagens e 87% preveem pelo menos alguns cortes. Isso não só reflete uma oportunidade de reduzir gastos durante a dramática retração econômica, como também mostra que os profissionais de auditoria interna estão aprendendo a operar remotamente.
Do ponto de vista de estruturação de equipe, cerca de 66% dos participantes esperam que os níveis se mantenham aproximadamente os mesmos, o que é encorajador, considerando as dificuldades econômicas atuais e futuras. No entanto, esse número cai significativamente para 47%, quando os entrevistados responderam sobre terceirização. Isso sugere que os líderes de auditoria interna estão trabalhando para manter sua equipe principal intacta. Curiosamente, o número de entrevistados que preveem quedas significativas em terceirização (16%) é quase o mesmo que prevê aumentos na terceirização (15%). Isso pode sinalizar a antecipação de uma necessidade de serviços especializados dentro de algumas funções, conforme as organizações lidam com os riscos associados às consequências da pandemia.
Entre as descobertas mais positivas reveladas pela pesquisa, está o crescente foco em melhorar a eficiência e a eficácia das funções de auditoria interna. A maior parte das mudanças processuais previstas reflete a nova realidade da auditoria remota, com 80% dos entrevistados prevendo mais opções de home office e 71% prevendo menos tempo gasto em auditorias no local. Além disso, 73% esperam planos de auditoria mais flexíveis. Os dados da pesquisa também mostram potenciais mudanças processuais significantes – do tipo que podem desencadear atualizações tecnológicas há muito necessárias.
Existe evidência abundante disponível que mostra oportunidades amplas para funções de auditoria que abraçam a tecnologia e técnicas de auditoria ágil. Quase metade dos entrevistados (49%) espera aumentar seu uso de análise de dados e 39% esperam aumentar o uso de técnicas de auditoria ágil. Maiores investimentos em automação (12%) e o maior uso de processos robóticos de automação (8%) ficaram significativamente para trás. No entanto, isso pode significar relutância em realizar investimentos financeiros no cenário atual e critérios minuciosos sobre o que seria realmente necessário para seguir em frente.
De acordo com essa realidade, os entrevistados estão buscando habilidades que ajudem a alavancar essas oportunidades. Mais de 7 entre cada 10 entrevistados enxergam um aumento da necessidade por comunicação, cibersegurança, inovação e competências para lidar com mudanças.
Há muitos dados adicionais no relatório da pesquisa, que será lançado hoje e estará disponível no COVID-19 Resource Exchange do IIA. O relatório fornece detalhamentos específicos de cada indústria para cada pergunta da pesquisa.
Eu não poderia encerrar essa publicação sem comentar sobre a área que me preocupa: os dados da pesquisa mostram que os auditores internos estão profundamente conscientes da necessidade de “auditar à velocidade do risco”. Saindo da pandemia, mais da metade dos entrevistados (53%) esperam aumentar a frequência das avaliações de riscos e 68% esperam aumentar a frequência de atualizações de planos de auditoria. No entanto, apenas 34% esperam aumentar a comunicação com os comitês de auditoria.
Estamos desperdiçando uma valiosa oportunidade, se dois terços dos entrevistados esperam voltar ao status quo da comunicação com nossos stakeholders após a COVID-19. A resposta da auditoria interna à pandemia tem mostrado sua capacidade de fornecer grande valor para organizações em tempos de crise, não apenas em suas competências essenciais, mas também como conselheiro de confiança. Devemos alavancar essa oportunidade, expandindo a conversa para os comitês de auditoria e para a gestão, para fortalecer nosso lugar à mesa recém-adquirido e muito merecido.
Como sempre, aguardo ansiosamente seus comentários.
Divulgação:
Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve artigos semanais para um blog da InternalAuditor.org sobre assuntos e tendências relevantes para a profissão de auditoria interna.
Este artigo foi reproduzido do InternalAuditor.org com permissão do Instituto de Auditores Internos, Inc. traduzido do inglês para o português.
Tradução IIA Brasil