O Que Eles Pensam Quando os Auditores Internos Estão a Caminho?
03/06/2019
Com o fechamento do Mês Internacional de Conscientização Sobre a Auditoria Interna, penso em virar a página para junho. Assim como nossa profissão se concentrou no mês passado em mostrar o talento e o valor que agregamos às nossas organizações, acredito que junho deva ser um mês de introspecção — o que chamarei não-oficialmente de "Mês da Autoconsciência da Auditoria Interna". Meus posts deste mês revisitarão posts anteriores desta série, que nos ajudarão a olhar para dentro.
Esse tema é tão essencial quanto qualquer esforço para conscientizar quanto à nossa profissão. Precisamos dar uma olhada realista e criteriosa no que fazemos, em como fazemos e em como somos vistos por quem está fora da auditoria interna. Como profissão, às vezes, sucumbimos à ressonância de nossa perene queixa: a auditoria interna é difamada e mal-entendida, ou não é valorizada como deveria ser. Essas condições geralmente são verdadeiras, mas devemos estar dispostos a examinar como nossas ações, atitudes e práticas contribuem para elas.
O que se segue é um artigo publicado em 2013, que ainda é válido hoje. Os auditores internos podem ser seus próprios piores inimigos, ao tornar desconfortáveis e hostis as interações com aqueles que auditamos. Embora tenhamos feito grande progresso em melhorar nossas habilidades sociais, nunca é demais lembrarmos da importância e do valor das interações positivas e colaborativas.
Auditor: Substantivo do anglo-francês auditour — ouvinte.
Você é um bom ouvinte? Engraçado como "auditor", uma palavra que começou como algo tão desejável, tornou-se algo que evoca medo e pavor entre alguns — como "dentista".
Somos vítimas dos estereótipos que perpetuamos. Mencione a palavra auditoria e, para muitas pessoas, o nível de ansiedade aumentará. Para alguns, a associação emocional mais próxima seria como a de receber uma multa de trânsito. Pense nisso. Quão diferente você se sentiria se um policial parasse você no trânsito e, em vez de já lhe dar uma notícia ruim, elogiasse sua postura ao volante e se disponibilizasse a ajudá-lo? Ok, talvez essa analogia seja meio forçada.
Nossas normas profissionais dizem que temos que ser objetivos, mas isso não significa que não podemos ser humanos. Já existe uma tendência de as pessoas verem os auditores internos como frios e impessoais. Sugiro que é nosso dever modificar esse estereótipo: 1) reconhecendo que ele existe e 2) trabalhando ativamente para modificá-lo, aprimorando nossas habilidades pessoais.
A questão é que trabalhos/entrevistas de auditoria interna bem-sucedidas podem começar pela simples quebra do gelo. Alguns minutos investidos em conhecer aqueles que estamos auditando ou entrevistando, como pessoas em vez de “auditados” (nossa, odeio esse termo), podem render benefícios durante todo o processo e, especialmente, no que tange ao apoio à implantação das recomendações de auditoria.
Apesar dos estereótipos, os auditores internos são, em primeiro lugar, seres humanos. É por tentarmos com tanto afinco ser objetivos que podemos acidentalmente desligar o botão de nossa personalidade e acredito que prejudicamos a nós mesmos ao fazê-lo. Um dos diferenciais de um bom auditor interno é seu ceticismo profissional. No entanto, como já observei antes, há uma linha tênue entre o ceticismo e a suspeita. Os auditores internos que suspeitam facilmente são os que dão má reputação à profissão. Acho possível ser amigável e objetivo ao mesmo tempo — "confiar, mas verificar", como diz a velha expressão.
Pode ser útil reconhecer que aqueles que auditamos enfrentam exatamente os mesmos problemas e desafios que nós enfrentamos. Estão sob as mesmas pressões de tempo e lidam com as mesmas restrições de recursos. A única diferença é que temos a sorte de não sermos os que estão sendo auditados. E, como já comentei frequentemente, deveríamos estar muito contentes por isso, porque não tenho tanta certeza de que tudo o que fazemos como auditores internos seja o mais eficiente e eficaz possível.
O que estou abordando aqui, na verdade, é empatia. Submeter-se a uma auditoria é um exercício de vulnerabilidade. Um pouco de compreensão humana básica pode ajudar muito a mudar os que as pessoas pensam sobre os auditores internos. Lembre-se, nosso objetivo aqui é melhorar a organização. Isso geralmente funciona melhor quando todos trabalhamos juntos.
Então, da próxima vez que você elaborar uma carta ou memorando anunciando uma auditoria futura, coloque-se no lugar do destinatário. O que eles pensam quando ouvem que você está a caminho? Estão cheios de pavor e ansiedade, ou aguardam a validação de suas conquistas e conselhos construtivos que você oferecerá no fim da auditoria? Devemos nos esforçar incessantemente para que esta última seja a resposta.
Aguardo suas opiniões sobre esse assunto atemporal.
Divulgação:
Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve artigos
semanais para um blog da InternalAuditor.org sobre assuntos e tendências relevantes para a
profissão de auditoria interna.
Tradução: IIA Brasil
Revisão Técnica da Tradução: Marcelo Fridori, CIA, CCSA, CRMA.