Pulso de Auditoria Interna 2021: Estamos todos na mesma tempestade, mas não no mesmo barco
22/03/2021
É difícil acreditar que o COVID-19 vem dominando nossas vidas há mais de um ano. Poucos poderiam imaginar a profundidade com que influenciaria nossas vidas ou mudaria a forma como operamos e interagimos nos negócios e na sociedade em geral.
Uma verdade universal que surgiu sobre a pandemia é que a extensão de seu impacto tem variado. Em algumas áreas do mundo, a propagação do vírus foi mais dramática, assim como o número de mortes. É preocupante pensar que mais de 2,6 milhões de pessoas em todo o mundo sucumbiram ao COVID-19, incluindo mais de meio milhão nos EUA. Algumas indústrias foram devastadas por bloqueios e toques de recolher, incluindo companhias aéreas, hotéis, atrações turísticas e restaurantes, enquanto outras prosperaram, como serviços de entrega, varejistas online e fornecedores de kits de refeição.
Os diversos impactos da pandemia também se refletem nas descobertas do relatório North American Pulse of Internal Audit de 2021, que será lançado na terça-feira na conferência anual General Audit Management do IIA. O título do relatório, The Many Sides of Crisis (“os muitos lados da crise”, em tradução livre), descreve as várias maneiras pelas quais a pandemia afetou os orçamentos de auditoria interna, estruturação de equipe, avaliações de riscos e planos de auditoria.
Estou feliz em compartilhar com meus leitores uma prévia de algumas de suas principais descobertas. Uma surpresa foram os efeitos silenciosos que a pandemia teve sobre as funções de auditoria interna, em comparação com as organizações em geral. Isso ficou especialmente claro quando os dados do Pulse foram divididos por indústria:
- Em saúde e assistência social, 8 em cada 10 (80%) entrevistados classificaram o impacto da pandemia como "extenso" para a organização em geral, mas menos de 4 em 10 (37%) classificaram-no como tal para a função de auditoria interna.
- Entre aqueles que classificaram o impacto da pandemia como mínimo, as organizações financeiras e de seguros se destacaram. Cerca de 2 em cada 10 (18%) classificaram o impacto geral como mínimo, mas mais do que o dobro (41%) classificaram como mínimo para a função de auditoria interna.
- As funções de menor porte tenderam a sofrer de forma mais significante, especialmente em termos dos impactos sobre cortes na equipe.
Esses são apenas alguns exemplos que refletem os efeitos nuançados e complexos desse evento que mudou o mundo.
O Pulse oferece informações impressionantes sobre orçamento e estruturação de equipe, também refletindo as consequências desiguais da pandemia. As reduções no orçamento de auditoria interna foram extensas em algumas indústrias, especialmente viagens e desenvolvimento profissional, e mínimas em outras. Alguns setores, na verdade, tiveram aumentos em seus orçamentos de auditoria interna.
Curiosamente, as reduções orçamentárias reportadas quanto ao COVID-19 subiram para 36% dos entrevistados, superando facilmente os 29% reportados em 2009 em meio à crise financeira global. Além disso, menos entrevistados relataram aumentos orçamentários em 2020 (20%) do que em 2009 (27%).
Enquanto isso, o Pulse descobriu que os cortes nas equipes não foram tão severos, o que sugere que os líderes de auditoria interna estavam interessados em manter esse recurso vital, concentrando os cortes em outras áreas. Ainda assim, a porcentagem de funções que relatam cortes na equipe dobrou de 9% para 18% ano a ano. No geral, 64% dos entrevistados disseram que a estruturação da equipe permaneceu inalterada. Conforme observado anteriormente, os cortes em funções de menor porte foram mais impactantes.
Além de examinar o impacto da pandemia sobre a profissão, o Pulse deste ano oferece aos leitores tendências de avaliação de riscos de cinco anos, acompanhadas em 13 amplas áreas de auditoria, com detalhamentos por tipo de organização. Isso fornece uma riqueza de dados para que os líderes de auditoria comparem e contrastem suas funções com as de seus colegas e instruam seus stakeholders.
Como tem acontecido há mais de uma década, o Pulse de 2021 faz jus ao seu nome como uma métrica da saúde da profissão. É encorajador para mim que a auditoria interna tenha se saído tão bem, considerando a terrível e generalizada disrupção criada pela pandemia.
Além disso, estou animado que a maioria das organizações não abordou a crise como uma oportunidade ou uma desculpa para cortar desproporcionalmente os orçamentos de auditoria interna. Na verdade, há fortes evidências que sugerem que nossos stakeholders recorreram logo à auditoria interna para garantir a avaliação contínua do reporte financeiro e das questões de conformidade.
Há muitas facetas da influência contínua do COVID-19 sobre a sociedade, os negócios e nossa profissão. Os impactos finais da pandemia sobre como e quais riscos evoluem e emergem podem não ser claramente entendidos por anos. No entanto, o Pulse deste ano apresenta um retrato valioso e tempestivo da auditoria interna no fim de 2020 e início de 2021.
Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve um blog semanal para a InternalAuditor.org sobre questões e tendências relevantes para a profissão de auditoria interna.