A paternidade e a carreira de auditoria: desafios superados e lições aprendidas
14/08/2023
Conciliar a vida profissional e pessoal é uma tarefa desafiadora. Para quem precisa dividir seu tempo entre trabalho e a educação de um filho, se torna ainda mais. Contudo, apesar de árdua, essa é uma empreitada recompensadora e muito gratificante, para mães e pais.
Para homenagear do mês dos pais, convidamos Diocésio Sant’Anna, executivo de auditoria do Superior Tribunal de Justiça que tem três filhos: Anna Clara (8), Julio Cesar (7) e João Vitor (8 meses), para contar um pouco sobre a experiência de ser responsável por dois cargos importantes: auditor e pai. Confira!
Eu sempre tive um pouco de medo da paternidade. Isso porque não convivi muito com o meu pai, e a ausência dessa figura masculina me levou a temer não conseguir oferecer aquilo que eu não havia recebido. Hoje, depois de três presentes entregues a mim por Deus, sou extremamente feliz e realizado. Eles são a razão pela qual a cada dia eu busco ser um filho melhor, um pai melhor, um esposo melhor, um profissional melhor, um cidadão melhor. Sou melhor hoje, para que meus filhos se tornem melhores do que eu!
Ser pai e auditor apresenta desafios únicos, pois ambos os papéis exigem compromissos significativos e responsabilidades importantes. O maior desafio é achar o equilíbrio entre passar tempo de qualidade com a família e cumprir as obrigações profissionais. Isso porque a carreira de auditor, muitas vezes, exige horas extras, viagens e prazos rigorosos. E ainda, em alguns casos, pode surgir a sensação de culpa por priorizar o trabalho em detrimento da família ou vice-versa. Encontrar o equilíbrio, e lidar com esses sentimentos é bem desafiador.
Para se ter sucesso na carreira como auditor, é necessário desenvolver uma série de competências técnicas e comportamentais, como habilidade de comunicação, gerenciamento de tempo, tomada de decisões, resolução de problemas, empatia, resiliência e gerenciamento de estresse, entre outras. Todas essas habilidades são transferíveis e são extremamente úteis na paternidade. A auditoria é uma verdadeira escola para a paternidade. E para quem não tem filhos, eu posso afirmar, eles dão bem menos trabalho que muitos gestores de processos de auditoria!
Ser pai é ser um modelo, um exemplo a seguir. É ensinar através de palavras, mas, principalmente, por meio de ações e comportamentos. É transmitir valores, ética e empatia, guiando pelo poder do exemplo e da orientação. E para se conseguir esse objetivo, várias habilidades devem ser desenvolvidas, que são utilizadas não apenas no papel paterno, mas também impactam o desenvolvimento da profissão como auditor.
Uma das diversas coisas que aprendi com a paternidade e que aplico na minha vida profissional, é que cada filho é de um jeito único. Por isso, nossas ações têm que ser avaliadas e repensadas diariamente, considerando como perspectiva a individualidade de cada um, sob pena de não alcançarmos o objetivo que é obter sucesso como pai. Com esse aprendizado, quando realizo um trabalho de auditoria, procuro ser empático com o gestor e entender sua especificidade, suas dificuldades, e quando me relaciono com um colega auditor, tento entender a forma como ele se sente compreendido e inserido no processo.
Conciliar a carreira com a família é um desafio significativo, mas é possível. Acredito que há três pontos essenciais: clareza, priorização e comunicação honesta. Clareza para entender que a família é o bem mais importante, e que o trabalho nunca acabará, não importa o quanto trabalhe, sempre haverá algo a fazer. Isso não quer dizer que você não deva trabalhar muito, mas trata-se de saber que não será apenas você que concluirá todas as coisas as serem feitas.
A priorização daquilo que é mais importante. Isso vale tanto para o trabalho como para a paternidade. É necessário priorizar a criação dos filhos, mas também as tarefas que precisam ser realizadas no trabalho. É preciso deixar de fazer aquilo que não é importante, delegar o que for possível e executar aquilo que te leva à realização de seus objetivos. Ou seja, é preciso ser produtivo, e ser produtivo é diferente de estar ocupado. Por fim, é necessário manter uma comunicação aberta e sincera com seu parceiro(a) e familiares sobre suas obrigações e compromissos no trabalho. Isso ajuda a evitar mal-entendidos e permite que todos estejam alinhados.
Acredito que não exista falta de tempo, e sim falta de prioridade. Eu já ouvi relato de vários colegas mais velhos do que eu se arrependendo por ter se dedicado tanto ao trabalho e tão pouco aos filhos, muitos terceirizaram a criação dos herdeiros sob o pretexto de estarem trabalhando para conferir maior conforto a eles.
Para equilibrar o tempo entre trabalho e filhos, primeiramente, é necessário priorizar e planejar. Eu planejo o tempo de qualidade que terei com os meus filhos: todos os dias, tomamos café da manhã juntos, sendo que tem dias e horários específicos para levar e buscar na escola, colocar para dormir e almoçar ou jantar com eles. No planejamento, ainda, consta que domingo é o dia da família, ou seja, passamos o dia todo juntos, juntos mesmo!
Meus filhos descontruíram boa parte do que eu achava que sabia sobre a paternidade. Eu pensava que presente era importante, eles me ensinaram que a presença é mais; eu pensava que presente caro agradaria, mas aqueles que são feitos de papelão, o acampamento de cobertor na sala, o piquenique apenas com maçã e banana agradam bem mais; eu pensava que seria o grande mestre na educação dos meus filhos, mas sendo bem sincero, quase sempre sou o aluno.
No último Dia dos Pais, houve uma festinha na escola com apresentação musical dos meus filhos. Me sentei na primeira fila para assistir a homenagem, foi belíssima, mas a letra de uma das músicas que me fez refletir completamente:
O que você faz da vida é o que um dia eu quero fazer. O que você me ensina eu copio tudo em meu HD. Pai, eu sigo os seus passos, todos os seus atos. Quero ser igual a você. Pai em tudo é meu exemplo. Eu em todo tempo quero ser igual a você
Ao final da canção eu pensei: É exatamente isso! Somos professores, somos copiados, somos seguidos, somos exemplos, mas somos tudo isso pelo que fazemos e não pelo que falamos. Que responsabilidade! Mas, ao mesmo tempo, que privilégio! Que oportunidade de me tornar uma pessoa melhor!
Aprendi que mais importante que educar meus filhos é me educar, para que então o meu exemplo possa moldar o caráter deles. Aprendi que não ensino o caminho em que eles devem andar, mas ensino NO caminho em que eles devem andar. Ou seja, tenho que caminhar junto, preciso ser o exemplo, não é o que eu digo, é o que eu faço. E isso muda tudo, isso me muda, isso muda o mundo!