Instante IBGC - Bate-Papo Henrique Luz, presidente do conselho de administração do IBGC
02/04/2019
Membro do conselho de administração do IBGC desde o ano passado, Henrique Luz assumiu, na última quinta-feira (28), o posto de presidente do colegiado. Ex-sócio da PwC e membro de conselhos de administração e consultivos de diversas organizações, Luz dará sequência ao trabalho de Ricardo Setubal, cujo mandato encerrou-se após cinco anos de dedicação ao instituto. "Em 2018, a inovação foi o tema que discutimos em diversos dos nossos eventos e atividades, pois a economia digital e as tecnologias disruptivas estão impactando os negócios, e a governança precisa dar respostas para as novas demandas e desafios das empresas. Agora vamos olhar para as pessoas, também no contexto do ambiente disruptivo". Confira mais na entrevista a seguir.
Quais são os principais desafios do instituto e como o conselho vem tratando essas questões?
O propósito do IBGC, cujo enunciado foi recentemente revisto, é contribuir com a edificação de uma sociedade melhor por meio de uma governança melhor. Cremos essencialmente que a disseminação das melhores práticas de governança corporativa é um excelente caminho para se chegar ao nosso propósito maior. A governança é um fator fundamental para a melhoria do ambiente empresarial e, consequentemente, um driverimportante para o aumento da geração de renda e melhoria da qualidade de vida de toda população. E a melhoria da qualidade de vida da população é dependente, também, de um novo modelo de governança, mais crível e eficiente, dos entes públicos. O conselho continuará seguindo a estratégia (recentemente revisitada) de curto, médio e longo prazos para o instituto continuar exitoso nesse processo de disseminação das boas práticas de governança. O IBGC está sempre atento às tendências e transformações mundiais, trazendo para o Brasil conhecimentos e discussões para o enfrentamento dessas novas realidades. Em 2018, a inovação foi o tema que discutimos em diversos dos nossos eventos e atividades, pois a economia digital e as tecnologias disruptivas estão impactando os negócios, e a governança precisa dar respostas para as novas demandas e desafios das empresas. Agora vamos olhar para as pessoas, também no contexto do ambiente disruptivo.
Qual é o papel do presidente do conselho nesse sentido?
O presidente do conselho é um facilitador em um colegiado de pares, que tem também o papel de interagir com outros agentes do mercado, em prol da causa maior. Estar com Leila Loria, Monika Conrads, Vicky Bloch, Doris Wilhelm, Iêda Novais, Aron Zylberman, Carlos Eduardo Lessa Brandão e Leonardo Wengrover será de um prazer enorme.
Quais suas principais propostas e prioridades como presidente do conselho do IBGC?
O IBGC tem ampliado seu escopo de atuação. O instituto nasceu em 1995 como uma entidade de conselheiros de administração, muito focada em companhias de capital aberto. Com o desenvolvimento das atividades passamos a olhar para o segmento das empresas sob controle familiar. Criamos a comissão específica para o debate dos temas de interesse daquele segmento, muito particulares. Nos últimos anos, temos tido cada vez mais foco na empresas públicas e sociedades de economia mista. Pretendemos também dar atenção maior para os entes públicos. Enfim, nossa intenção é sempre ampliar as discussões sobre governança corporativa.
Quais são os planos do conselho para o crescimento e expansão do instituto?
Temos ampliado e reestruturado, periodicamente, a nossa grade de cursos para nos mantermos adequados ao mercado. Muito mais precisa ser feito, especialmente no sentido de adotarmos ferramentas tecnológicas mais modernas. Nossas comissões temáticas têm desenvolvido cada vez mais atividades e produzido conhecimento relevante em praticamente todos os aspectos corporativos. Afinal, por termos uma causa clara e relevante, podemos juntar quase 400 associados nas comissões, todos profissionais de altíssimo quilate. Continuaremos promovendo jornadas técnicas internacionais e mantendo a qualidade do Congresso Anual e do Encontro de Conselheiros.
E quais os planos para os programas de certificação? Precisamos investir no aumento da percepção de valor – por parte de agentes de mercado, reguladores, empresários – a respeito da agregação de qualidade que um conselheiro certificado impõe aos colegiados do qual faz parte. Isso é vital. Há alguns planos de ação a serem iniciados com esse fim. A certificação para membros de comitês de auditoria deverá ser lançada no início do segundo semestre. Há um grupo de associados especialistas no tema trabalhando juntamente com os parceiros desse programa especifico – Ibracon e IIA (The Institute of Internal Auditors) – para a criação de cursos e elaboração dos exames de certificação.
Como o senhor avalia o relacionamento do IBGC com outras instituições empresariais, organizações da sociedade civil e outros stakeholders, inclusive com o poder público?
Desde a sua fundação, o IBGC faz um trabalho sério e ético. Isso fez com que conseguíssemos reputação ilibada, respeito das demais organizações, de empresas e do regulador. O crescimento do IBGC aconteceu, principalmente, pela interação com o mundo empresarial, que nos apoiou ao longo de toda a nossa trajetória. Isso graças aos esforços exitosos dos presidentes passados e das formações diversas do conselho. A relação com nossos parceiros sempre foi de mão dupla. Troca de experiências, desenvolvimento de projetos conjuntos e apoios mútuos com outras instituições sempre foi forte e será cada vez mais. A construção de um ambiente empresarial mais moderno e globalizado é uma tarefa coletiva, com cada entidade dando sua contribuição. O IBGC sempre irá procurar parcerias produtivas para seus projetos. E, logicamente, o poder público não poderá ficar de fora.
Há planos para fortalecimento dos capítulos regionais?
Para melhor atingir as empresas de controle familiar, parte preferencial e estratégica do nosso público, temos de ter capítulos muito atuantes. Os nossos capítulos têm realizado trabalhos excelentes, com crescimento do número de associados e de atividades. Iremos, cada vez mais, fortalecê-los, inclusive com mais autonomia para os projetos alinhados com a estratégia central. Recebemos demandas constantes de cursos e palestras de todo o país. O tema governança corporativa está cada vez mais presente na agenda de empresários e empreendedores, não somente dos grandes centros do Sul e do Sudeste. Se possível, gostaríamos de estar presentes em todas as unidades da federação, mas esse é um processo que será construído aos poucos.
O IBGC desenvolveu projetos internacionais, especialmente na América Latina. O senhor pretende manter ou aumentar a atuação internacional do instituto?
O IBGC é referência de governança corporativa no Brasil e também é reconhecido internacionalmente. O modelo de negócio do instituto serve de exemplo para entidades semelhantes de outros países, com suas atividades totalmente autossuficientes e autofinanciadas. A qualidade dos nossos cursos, pesquisas e eventos também é reconhecida. A reputação do IBGC, construída por seus associados, por sua gestão executiva e por formações anteriores do conselho, ultrapassou as nossas fronteiras e passamos a realizar eventos fora do país. Mais recentemente, também promovemos eventos para estrangeiros aqui no Brasil. O IBGC deve se tornar um importante veículo para a disseminação da governança na América Latina nos próximos anos. Não podemos esquecer das jornadas técnicas internacionais. Além de levar grupos de profissionais para conhecerem realidades em outros países, nessas jornadas fortalecemos parcerias com entidades locais em diversas áreas do conhecimento e atuação empresarial.
Como o senhor avalia a governança corporativa no Brasil?
A governança é uma jornada. Tivemos grandes avanços, mas há grandes oportunidades. O IBGC foi pioneiro no Brasil nas discussões sobre governança corporativa – um conceito pouco conhecido há duas décadas. Houve grandes progressos. O instituto continuará sendo um importante agente no fortalecimento da governança no país. E este é um caminho que certamente será trilhado em conjunto com outras entidades da sociedade. Um esforço coletivo para a construção de uma sociedade melhor.