ND - ‘Preço a se pagar pela corrupção tem que ser alto’, diz guru da auditoria em Florianópolis
16/09/2019
“Você precisa fazer diferente para mudar as coisas”. Foi assim que o norte-americano e guru da auditoria Robert Hirth terminou sua fala no 39ª Conbrai (Congresso Brasileiro de Auditoria Interna), na manhã desta segunda-feira (16).
Realizada no Centrosul, no centro de Florianópolis, a conferência que transforma a cidade na Capital da auditoria interna, até terça-feira (17), reúne 850 profissionais que atuam com inteligência artificial, robótica, informações de governos e empresas ao redor do mundo.
Durante o simpósio, a plateia lotada ouviu atentamente ao vanguardista, que falou sobre os desafios da auditoria em um mundo cada vez mais conectado e com procedimentos mais complexos.
À reportagem do ND+, Bob, como é carinhosamente chamado pelos colegas, também comentou sobre um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta: a corrupção.
Responsável por aperfeiçoar os processos de controle interno em diversas empresa, Hirth acompanha de perto as notícias sobre a Operação Lava Jato no país e seus desdobramentos. Para ele, a iniciativa é um importante marco para o Brasil, mas o debate deve ser ainda mais amplo.
Na sua leitura, o país precisa olhar para os processos de controle com mais atenção e passar a educar a sociedade. “A gente precisa lembrar todos os dias que quem é corrupto vai ser pego. Isso não é ético, prejudica o país e as pessoas”, disse.
Para o expert internacional, o Brasil precisa avançar também nas leis e processos para combater as fraudes, cada vez mais complexas. Conforme Hirth, a Lei Anticorrupção, que passou a ser mais discutida após a Lava Jato, precisa ser aprimorada com tecnologia, dados e pessoas qualificadas.
“Corrupção é muito difícil de frear, mas é importante a lei anticorrupção, pois você começa a ver como os mecanismos são feitos. E mesmo que você não pegue todos, aí se começa a reduzir o número. O preço a se pagar pela corrupção tem que ser alto”, disse.
Além de presidir até 2018 o COSO (Comitê das Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway), Hirth é vice-presidente da comissão que define as diretrizes do SASB (Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade). O executivo também é diretor administrativo sênior da Protiviti, empresa global de auditoria interna e consultoria de riscos que opera em 22 países.
Além de Hirth, o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner de Campos Rosário, e o professor Miklos Vasarhelyi, da universidade de New Jersey e inventor do conceito de auditoria contínua, também participam do simpósio. As plenárias ocorrem na manhã desta terça-feira (17).
Notícia publicada no site ND+