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Os Auditores Internos Servem ao Interesse Público – Mesmo Quando o Público Não Vê Seu Trabalho

Os Auditores Internos Servem ao Interesse Público – Mesmo Quando o Público Não Vê Seu Trabalho
11/10/2023



Há sete anos, tive o privilégio de me juntar a vários colegas do The IIA no pódio da bolsa de valores de Nova York (New York Stock Exchange – NYSE) para tocar o sino de abertura. A experiência foi um dos pontos altos dos meus 12 anos como CEO do The IIA. É uma memória que guardo com carinho por muitos motivos, entre os quais o reconhecimento da NYSE do importante papel que os auditores internos desempenham na promoção da confiança nos mercados de capitais ao redor do mundo.

Tenho a impressão de que alguns de vocês possam estar coçando a cabeça e se perguntando: “Como é que ele ligou esses dois pontos?” Sinceramente, não é difícil. Em comentários feitos a nós, pouco antes da cerimônia, os funcionários da NYSE nos falaram isso.

Em suma, o convite para tocar o sino de abertura no piso da maior bolsa de valores do mundo foi o reconhecimento de que os auditores internos, que geralmente trabalham nos bastidores, são fundamentais para promover a confiança nas instituições de todos os setores. E é exatamente por isso que, há muito tempo, defendo que a auditoria interna serve ao interesse público – independentemente da instituição em que opera.

O que me leva às “Normas Globais de Auditoria Interna” propostas pelo The IIA – especificamente a inclusão do “interesse público” na seção da Declaração de Propósito. Para aqueles que podem não ter reparado, a declaração proposta diz o seguinte (ênfase acrescentada):

“A auditoria interna melhora o sucesso da organização, prestando avaliação e assessoria objetivas ao conselho e à gestão.

A auditoria interna fortalece os seguintes aspectos da organização:

  • Criação, proteção e sustentabilidade do valor.
  • Processos de governança, gerenciamento de riscos e controle.
  • Tomada de decisão e supervisão.
  • Reputação e credibilidade junto aos seus stakeholders.
  • Capacidade de servir o interesse público.

A auditoria interna é mais eficaz quando:

  • É realizada por auditores internos qualificados, em conformidade com as Normas Globais de Auditoria Interna, definidas em prol do interesse público.
  • A função de auditoria interna é posicionada de forma independente, com prestação de contas direta ao conselho.
  • Os auditores internos são isentos de viés e influências indevidas, e comprometidos em fazer avaliações objetivas.”

Durante o período de comentários públicos das Normas Propostas, que terminou recentemente, houve uma ampla crítica por parte dos líderes/defensores apaixonados pela auditoria interna – a respeito do que elas incluíam ou não incluíam. Deixarei que o Conselho de Normas do The IIA avalie os comentários e redefina a declaração conforme for apropriado. Mas o que eu espero desesperadamente é que ela mantenha o reconhecimento de que a auditoria interna serve ao interesse público!

Tenho várias lembranças vividas da cerimônia da NYSE em 30 de junho de 2016, mas uma que vem sempre à mente ocorreu antes do sino de abertura. Estávamos reunidos em uma sala de conferências perto do pregão, quando um executivo da NYSE elogiou o trabalho do The IIA e comentou o orgulho que a bolsa sentia por nos apresentar como parte dos procedimentos desse dia. Em um tempo em que a confiança dos investidores estava sendo lentamente reconstruída na sequência da grande crise financeira de 2008, foi inspirador saber que a NYSE reconhecia o valor da auditoria interna para as organizações que servem e seu papel crucial na boa governança.

Para muitos, a forma como os auditores públicos e os auditores externos servem ao interesse público é clara. A promoção da confiança nas instituições públicas e a disponibilização pública das demonstrações financeiras são vitais para o nosso sistema de governo e para os mercados de capitais. No entanto, ao contrário dos auditores públicos, dos auditores externos e de outros, o trabalho dos auditores internos nas empresas de capital aberto é, muitas vezes, feito à porta fechada e com pouca publicidade.

A cada ano, auditores internos de grandes e pequenas empresas em todo o mundo prestam assessoria e avaliação sobre a eficácia do gerenciamento de riscos e dos controles internos à gestão e ao conselho. Os seus esforços incansáveis resultam em operações corporativas mais eficientes e eficazes e na redução dos riscos, do desperdício, da má gestão e da fraude.

A maioria dos investidores é claramente motivada pelo aumento do valor das ações e pelo retorno sobre seu investimento. Mas a confiança é um elemento essencial nas decisões de investimento. Os investidores têm de confiar na informação financeira que lhes é fornecida, na competência, na eficácia da gestão e na diligência dos conselhos de administração. Quando algum ou todos esses fatores falham, os investidores pegam seu dinheiro e correm para as colinas – muitas vezes relutantes em investir novamente até que a confiança seja restabelecida.

A volatilidade dos mercados de capitais ao longo das últimas duas décadas tem sido impulsionada tanto pela confiança vacilante dos investidores como por qualquer outro fator.

Concordo com o ex-Primeiro-Ministro australiano Kevin Rudd, que observou: “A estabilidade dos mercados globais é um bem público.” Há mais de uma década que defendo que os auditores internos do setor corporativo servem ao interesse público ao promoverem a confiança nos mercados de capitais. Ao fornecerem à gestão e aos conselhos avaliação e insights tempestivos e relevantes sobre riscos, controle e governança, os auditores internos ajudam as suas empresas a ganhar e manter a confiança dos investidores, que é tão vital para o sucesso das empresas e, em última análise, dos mercados de capitais.

O autor Frank Sonnenberg observou: “A confiança é como a tensão arterial. É silenciosa, vital para a boa saúde e, se excedida, pode ser mortal”. Os auditores internos são vitais para manter o tipo de saúde corporativa a que Sonnenberg se refere.

Como já observei anteriormente, a desconfiança no setor corporativo é muitas vezes provocada por executivos da alta administração, que se desconectam da situação do trabalhador mediano, por conselhos que se submetem à gestão em vez de realizar uma verdadeira supervisão, e por culturas desalinhadas ou tóxicas. A necessidade de funções de auditoria interna independentes, fortes e com bons recursos nunca foi tão crítica.

Em um artigo de blog que celebrava o evento da NYSE, convenci os auditores internos a fazerem autoavaliações para garantir que estão servindo as suas empresas da melhor forma possível. Algumas perguntas principais dessa autoavaliação devem incluir:

  • As linhas de reporte com a gestão e o comitê de auditoria são claras e distintas? Uma separação clara entre o reporte administrativo e funcional apoia a independência da auditoria interna.
  • Qual o nível de solidez das relações atuais entre a gestão e o conselho/comitê de auditoria? Uma comunicação forte e relações de confiança são essenciais para uma boa governança.
  • Como as recomendações de auditoria são encaradas pela gestão e com que rapidez são implantadas? Isso serve como um sólido barômetro do desejo da gestão de “fazer o que é certo” para garantir um futuro sustentável para a empresa e para manter a confiança dos acionistas.
  • A auditoria interna dispõe de recursos suficientes para abordar corretamente os riscos da organização? Essa é uma outra métrica do compromisso da organização para com a boa governança.
  • O comitê de auditoria assume a liderança na contratação, demissão, revisão e compensação do CAE? Frequentemente, essas responsabilidades são delegadas à gestão, o que pode corroer a independência da auditoria interna.

O IIA tocar o sino de abertura na NYSE em 2016 deveria ter sido um toque de clarim para os auditores internos – e não apenas aqueles em empresas de capital aberto –, chamando-os a abraçar seu papel na construção e manutenção da confiança de suas organizações e dentro delas.
Certamente, houve progresso, mas ainda há muito a ser feito, conforme servimos silenciosamente o interesse público em nossas empresas e nos mercados de capitais do mundo todo.

© 2023 Richard F Chambers and Associates, LLC. Usado com permissão. 
Autor Richard F. Chambers. Texto publicado em 23 de julho de 2023 no site oficial do Richard Chambers. 

 

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