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Por Que a Responsabilidade Social Deve Estar no Radar da Auditoria Interna

Por Que a Responsabilidade Social Deve Estar no Radar da Auditoria Interna
02/09/2019



Dois acontecimentos significantes nos negócios do fim de agosto poderiam ter impactos profundos e duradouros sobre a forma como as organizações operam. Os auditores internos devem tomar nota.

Primeiro, a Business Roundtable, uma associação dos principais CEOs dos EUA, anunciou uma mudança fundamental em sua Statement on the Purpose of a Corporation. A declaração, que é atualizada periodicamente, é a diretriz para fazer negócios nos Estados Unidos e, nos últimos 20 anos, tem sido bastante básica: servir o acionista.

O segundo acontecimento refere-se a processos decorrentes da atual epidemia de opioides nos Estados Unidos. Duas grandes empresas farmacêuticas enfrentam julgamentos e acordos caros por seu papel na crise.

De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA) dos EUA, mais de 47.000 americanos morreram em 2017 por overdose de opioides, incluindo medicamentos opioides controlados, heroína e fentanil, um poderoso opioide sintético, fabricado ilegalmente. Os fabricantes de analgésicos opioides controlados enfrentam milhares de ações judiciais relacionadas à forma como esses medicamentos contribuíram para a epidemia. De acordo com o NIDA:

No fim dos anos 90, as empresas farmacêuticas garantiram à comunidade médica que os pacientes não se tornariam viciados em analgésicos opioides, e os profissionais de saúde começaram a prescrevê-los com maior frequência. Posteriormente, isso levou a um amplo desvio e uso indevido desses medicamentos antes que ficasse claro que esses medicamentos poderiam realmente ser altamente viciantes.

Então, como esses dois acontecimentos se relacionam? A resposta simples é responsabilidade social.

No mês passado, um juiz de Oklahoma ordenou à Johnson & Johnson, uma empresa multinacional de produtos de consumo e farmacêuticos, pagar 572 milhões de dólares por contribuir com a crise de dependência de opioides do estado. O caso de Oklahoma é o primeiro de mais de 2.000 contra fabricantes de medicamentos, redes de farmácias e distribuidores a serem julgados.

Os possíveis custos dos processos e acordos que as grandes empresas farmacêuticas enfrentam — potencialmente na casa dos bilhões de dólares — estão claramente vinculados a seus produtos. Embora nenhuma das empresas tenha admitido qualquer atividade ilícita ou ilegal relacionada à sua fabricação e comercialização de opioides controlados, ainda são responsabilizadas pelos tribunais e pelo público em geral. Responsabilizar as empresas não é novidade. Tribunais de todo o mundo o fizeram, desde o desastre da DuPont em Bhopal, na Índia, até airbags defeituosos envolvendo a Takata.

Mas os esforços para responsabilizar as empresas farmacêuticas por seu papel na epidemia de opioides vão além da simples prestação de contas e da responsabilidade pelo produto. Há um componente adicional importante: o bem público.

Uma definição de responsabilidade social oferece clareza nesse ponto. Refere-se à responsabilidade social como "as ações iniciadas por grupos de cidadãos para responsabilizar funcionários públicos, políticos e prestadores de serviços por sua conduta e desempenho na entrega de serviços, na melhoria do bem-estar das pessoas e na proteção dos direitos das pessoas".

É aqui que entra a nova declaração da Business Roundtable sobre o propósito de uma corporação.

Primeiro, um pouco de histórico. A Business Roundtable é um dos grupos de negócios mais poderosos e influentes nos EUA, se não do mundo. A organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, conta com CEOs de grandes empresas dos EUA, como a Amazon, Apple e General Motors. Promove políticas públicas favoráveis aos interesses comerciais.

A atualização da “Declaração de Propósito de uma Empresa” coloca os interesses de funcionários, clientes, fornecedores e comunidades no mesmo nível que os interesses dos acionistas. Embora não abandone a diretiva central de atender às necessidades dos acionistas, a declaração apresenta claramente um componente de responsabilidade social, que pode ser descrito com segurança como profundo e significante.

A declaração está cheia de palavras-chave e frases que adotam e promovem a responsabilidade social: "investir em nossos funcionários", "negociar de maneira justa e ética com nossos fornecedores", "respeitar as pessoas em nossas comunidades", "proteger o meio ambiente" e "adotar práticas sustentáveis".

Os 181 signatários da declaração são líderes de algumas das maiores e mais influentes corporações do mundo, o que deve dar a ela peso, credibilidade e seriedade. No entanto, os críticos são rápidos em apontar que alguns dos signatários já se deparam com a grandiosa retórica da declaração.

Para a auditoria interna, há consequências éticas, culturais e de estratégia de negócios que devem direcionar a forma como os CAEs lidam com essa nova abordagem aos negócios. O primeiro passo será estabelecer como sua organização específica responde à nova declaração. A gestão executiva e o conselho estão comprometidos em gerir a organização de maneira socialmente responsável? A cultura da sua organização adota a responsabilidade social?

Muitas organizações já possuem políticas de sustentabilidade e responsabilidade social, como proporcionar aos funcionários tempo de folga para trabalho voluntário em suas comunidades. Essas práticas e políticas podem ser facilmente auditadas. O maior desafio será abordar se outros aspectos da organização, como a remuneração de executivos, cadeias de suprimentos, uso de recursos naturais e programas de funcionários, satisfazem as expectativas de responsabilidade social.

Como sempre, aguardo ansiosamente seus comentários.

 

Divulgação:

Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve artigos semanais para um blog da InternalAuditor.org sobre assuntos e tendências relevantes para a profissão de auditoria interna.

 

Tradução: IIA Brasil

Revisão Técnica da Tradução: Walkyria A. Augusto, CIA, CRMA, CCSA.

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